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Em Paris, Lula e Fávaro recebem certificado de que Brasil está livre de febre aftosa

Certificação eleva a carne nacional a um novo patamar no comércio global

Febre aftosa: a certificação internacional da OMSA foi concedida no final do mês ado (Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)/Divulgação)

Febre aftosa: a certificação internacional da OMSA foi concedida no final do mês ado (Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 6 de junho de 2025 às 09h38.

Última atualização em 6 de junho de 2025 às 09h44.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, receberam nesta sexta-feira, 6, em Paris, a certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) que reconhece o Brasil como livre da febre aftosa sem vacinação.

O reconhecimento já havia sido anunciado no final de maio, mas o presidente decidiu prestigiar o setor em uma cerimônia especial para celebrar esse marco, considerado fundamental para o agronegócio brasileiro — a certificação eleva a carne nacional a um novo patamar no comércio global.

A decisão da OMSA reflete os avanços do Brasil na área de saúde animal e fortalece a posição do país como fornecedor confiável e seguro de proteína animal para os mercados internacionais.

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"Ao ampliar as oportunidades de exportação, o reconhecimento contribuirá para o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e o bem-estar global", afirmou o Ministério da Agricultura (Mapa) em nota.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne bovina, atrás dos Estados Unidos, e líder nas exportações. Em 2024, exportou 2,9 milhões de toneladas, um aumento de 26% em relação a 2023, com receitas de US$ 12,9 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

Para o presidente Lula, a certificação deve aumentar a participação da pecuária no agronegócio nacional. "Podemos surpreender o mundo outra vez, crescendo acima da média", afirmou.

A expectativa é que o reconhecimento abra portas para mercados mais exigentes, como Japão e Coreia do Sul, que não compram carne de países que dependem de vacinação, e possibilite que produtos brasileiros obtenham prêmios de preço, como ocorre com países como Austrália e Estados Unidos.

A Abiec espera que Japão, Coreia do Sul e Turquia abram seus mercados para a carne brasileira ainda este ano. Até o momento, apenas o Vietnã anunciou a abertura para a carne do Brasil em 2025.

Febre aftosa no Brasil

O primeiro registro de febre aftosa no Brasil ocorreu em 1895. As campanhas de vacinação começaram nas décadas de 1960 e 1970, e, na década de 1990, foi criado o Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), além da implementação de zonas de controle.

A partir dos anos 2000, diversos estados começaram a eliminar a doença, com os últimos focos registrados em 2006, no Mato Grosso do Sul e no Paraná.

Em 2017, o governo lançou o Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA), que inicialmente previa o fim da vacinação em 2025, mas a medida foi antecipada para 2024.

O protocolo de certificação exige que o país suspenda a vacinação e não registre nenhum caso de febre aftosa por pelo menos 12 meses antes de solicitar o reconhecimento.

Seguindo esse procedimento, o Mapa assinou a Portaria nº 678/2024 em 30 de abril do ano ado, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 2 de maio, encerrando a vacinação em todo o país.

Como não houve novos registros da doença, a certificação internacional da OMSA, atestando que o Brasil está livre da febre aftosa sem vacinação, foi concedida no final do mês ado.

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