Em um mercado que valoriza produtividade com equipes cada vez mais enxutas, atitudes e visão pesam mais do que um bom currículo
Repórter Publicado em 19 de abril de 2025 às 12h23. Última atualização em 19 de abril de 2025 às 12h36.
Proatividade, visão estratégica e engajamento estão entre os fatores que mais destacam profissionais de alta performance — e podem fazer toda a diferença na carreira
Se você perguntar a qualquer gestor qual é o maior diferencial de um profissional dentro da equipe, a resposta dificilmente será apenas "técnica" ou "experiência". Em um cenário onde empresas buscam cada vez mais performance com times enxutos , o que separa um funcionário mediano de um excelente vai além do currículo. Envolve atitude, visão de negócio e mentalidade de dono.
Equipes altamente engajadas são 23% mais rentáveis, 18% mais produtivas e têm 78% menos casos de absenteísmo, segundo um levantamento da consultoria Gallup. Já um estudo da Harvard Business Review destaca que os melhores talentos não são apenas eficientes — eles compartilham valores com a empresa, têm autonomia e contribuem com decisões estratégicas.
Mas o que, na prática, define esse desempenho acima da média?
A coach e especialista em gestão de pessoas Fabiane Borges lista as sete principais características que diferenciam um profissional excelente de um mediano. Veja abaixo:
Profissionais excelentes não esperam ordens — eles antecipam problemas, buscam soluções e propõem melhorias. Já os medianos se limitam a executar o que lhes foi pedido.
“Profissionais de alta performance são proativos porque já se veem lá na frente, em posições maiores. Entendem que o que fazem hoje trará retorno no futuro. Eu mesma fui de operadora de telemarketing a gestora de RH em quatro anos, sempre me antecipando com soluções que ninguém me pedia. Já tinha clareza do cargo que queria alcançar desde o início da minha carreira”, afirma Borges.
Ela lembra que Warren Buffett , um dos homens mais ricos do mundo, costuma dizer que investe em pessoas com energia — tamanha é a importância que ele dá à iniciativa e à proatividade.
Eles agem como se fossem responsáveis pelo negócio, cuidando dos recursos, da reputação da empresa e do impacto de suas ações.
“Costumo dizer aos meus mentorados: seja o CEO do seu metro quadrado . Independentemente do cargo, assumir a mentalidade de dono abre portas. Eu analisava decisões dos meus líderes para entender as preocupações deles — e, a partir disso, criava soluções. O dono faz isso: vê oportunidades onde outros veem crise,” diz Borges.
Os melhores profissionais estão em constante evolução, buscam novos cursos, aprendem com rapidez e se adaptam com facilidade . Sabem transformar s em crescimento.
“Essa competência diferencia profissionais de amadores. Preparo é tudo. Sempre digo: mais vale a dor do crescimento do que a da estagnação — e, quando a sorte chegar, que ela me encontre preparada,” afirma a coach.
Borges também costuma usar essas perguntas em entrevistas para identificar esse perfil:
“A diferença entre quem estuda e quem não se aperfeiçoa é visível na performance”, afirma.
Profissionais excelentes entendem o porquê de cada entrega, medem impactos e se conectam com os objetivos maiores da empresa. Não apenas “fazem”, mas se importam com o que acontece depois.
“Eles não estão preocupados em mostrar agendas cheias, mas em alcançar resultados concretos. O que importa no fim do dia é o impacto. A geração Z, por exemplo, valoriza métricas claras, propósito e autonomia, não tarefas soltas ou cumprimento de horário”, afirma.
Eles sabem ouvir, lidar com frustrações e manter um ambiente saudável. Constroem pontes e contribuem com equilíbrio.
“Essas competências são essenciais, ainda mais com as mudanças da NR-1 sobre saúde mental. Ambientes tóxicos e assédio muitas vezes existem porque profissionais medianos ocupam cargos onde deveriam ser exemplos de equilíbrio emocional. Já os de alta performance controlam seus impulsos e pensam no bem-estar coletivo,” diz Borges.
Realizam tarefas com qualidade, sem depender de microgestão. São vistos como pessoas que "resolvem".
Confiança, segundo Borges, é o maior desafio em equipes. Ela lembra que no livro Os 5 Desafios das Equipes, Patrick Lencioni mostra que, sem ela, os profissionais evitam vulnerabilidades e não se envolvem em conflitos produtivos.
“Quando há confiança, as pessoas compartilham ideias, item erros e buscam soluções juntos. O profissional excelente cumpre o que promete, sem desculpas,” afirma.
Enxergam além da própria função. Entendem como seu trabalho impacta a empresa, o cliente e os resultados de longo prazo.
“Costumo dizer: é preciso sair do problema para enxergar de cima, com visão de helicóptero. O profissional de alta performance entende processos, vê conexões e resolve a causa raiz dos problemas. Isso é raro — e valioso,” diz Borges.
Para a coach, empresas que estimulam visão estratégica e pensamento sistêmico reportam 60% mais eficiência operacional e 40% mais inovação, de acordo com um estudo da Harvard Business Review.
“Quem domina essas competências se destaca por seu impacto real e visão de futuro,” afirma.