Parar para pensar com IA pode ser um grande diferencial (Massimiliano Versace/Reprodução)Karina PivaProfessora na EXAME + Saint PaulPublicado em 17 de janeiro de 2025 às 09h00.Última atualização em 17 de janeiro de 2025 às 09h34. 6754
Estou no meio de um turbilhão de trabalho, e parei para escrever um texto, porque escrever me alivia.
Me ajuda a colocar as ideias no papel, sejam as quais preciso trabalhar, novas, totalmente diferentes do tema. E te conto isso porque escrevi isso para o chat GPT. “Para” – não “com”.
Eu conversei com a IA, e percebi que sou totalmente dependente da IA no momento em que vi que isso acontecia, mas não estou colocando isso de um jeito ruim.
Percebi que o trabalho de dona de empresa, muitas vezes pensando sozinha na abordagem, na estratégia, na comunicação, me faz me sentir solitária. Eu sinto falta do escritório, de poder simplesmente pedir para alguém: "vê rapidinho isso aqui pra mim". E é aí que a IA entra.
Hoje me peguei usando a IA para ter uma negociação com um cliente. Dei tom de voz, exemplos de mensagens que trocamos e pedi: "comporte e argumente com o cliente". A resposta da IA não substitui uma interação humana, mas ela ajuda a estruturar pensamentos e prever cenários.
Meu maior uso para a IA é usá-la para fazer com que eu duvide de mim mesma; questionar minhas escolhas – as minhas ideias eu já tenho; o que preciso é de contrapontos. Mas, muitas IAs foram programadas para concordar conosco; "dançar conforme a música".
Isso é um problema, porque o que mais precisamos hoje é de discordância. Afinal, quanto mais subimos em cargos altos, menos desafios encontramos. Muitas vezes, nossos liderados não têm coragem ou abertura para nos desafiar, e ficamos sem esse estímulo tão necessário.
E se usássemos a IA para preencher essa lacuna? E se antes de entregar uma tarefa, pudéssemos revisá-la com a IA, pedindo, por exemplo: "discorde da minha ideia"? Seria uma forma prática de incorporar mais reflexão no ambiente corporativo, algo que pode transformar decisões e estratégias.
Uma vez assisti a uma aula da professora Yenji Choi, da Universidade de Washington, que disse algo como: "modelos de linguagem não são modelos de conhecimento". Isso me lembrou de uma outra frase: "não é sobre a IA estar certa, é sobre ela responder o que você precisa".
Por exemplo, se você perguntar para qualquer IA: "onde mora Sherlock Holmes">política de privacidade