Especialistas nos Estados Unidos expam moscas-das-frutas a soluções contendo cocaína para investigar como receptores sensoriais são ativados e, com isso, compreender as bases genéticas do vício
A hoverfly rests on a blade of grass in Toronto, Ontario, Canada, on May 14, 2025. (Photo by Creative Touch Imaging Ltd./NurPhoto via Getty Images) ( NurPhoto /Getty Images)
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 3 de junho de 2025 às 18h59.

Última atualização em 3 de junho de 2025 às 19h08.

Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, deram cocaína a moscas-das-frutas ( Drosophila melanogaster ) para explorarem as bases genéticas do vício a esta droga.

Os especialistas já comprovaram que a cocaína é um psicoestimulante viciante, e que o risco de desenvolver transtorno por uso de cocaína (TUC) é altamente hereditário. Porém, pouco se sabe sobre os genes e mecanismos específicos que levam ao desenvolvimento desse problema.

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Para averiguar essa questão, os pesquisadores avaliaram o consumo de cocaína e as preferências das moscas. Eles descobriram que os insetos não gostavam do sabor amargo da droga, que ativava seus receptores de detecção de amargor, chamados "Gr66a".

Os resultados do experimento aparecem em um artigo publicado nesta segunda-feira, 2, na revista JNeurosci.

Açúcar vs. cocaína

Depois que os cientistas mutaram um gene dos receptores para reduzir a percepção do amargor, as moscas começaram a se aproximar de uma solução contendo cocaína. Após um período de 12 a 18 horas, as moscas-das-frutas com receptores mutados até mesmo preferiram essa solução da droga em vez de uma solução do açúcar sacarose.

Para Adrian Rothenfluh, pesquisador do Departamento de Neurobiologia da Universidade de Utah, que liderou a pesquisa, os genes envolvidos no vício em cocaína em humanos também podem estar envolvidos nesse processo observado nas moscas.

"Já modelamos a autoistração de álcool em moscas-das-frutas, e isso revelou que humanos e moscas-das-frutas compartilham muitos dos mesmos genes que impulsionam o consumo e o vício em álcool", conta o especialista, em comunicado.

Os autores do estudo concluíram assim que o silenciamento da percepção do amargo é algo que permite usar as moscas-das-frutas como um modelo para avaliar a preferência de humanos pela autoistração de cocaína.

"Isso abre caminho para testar variantes humanas associadas ao transtorno por uso de cocaína quanto ao seu papel causal na autoistração de cocaína neste organismo modelo", escreveram os cientistas.

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