Economia

Zona Franca de Manaus: Indústria do Amazonas estima crescimento de 6% e receita de R$ 216 bi em 2025

Os setores de duas rodas, eletroeletrônicos, ar-condicionado e plásticos devem puxar essa expansão, segundo o Centro da Indústria do Estado do Amazonas

A perspectiva otimista de crescimento para a Zona Franca de Manaus representa um avanço de 6% em relação aos R$ 204 bilhões registrados em 2024 (SUFRAMA/Reprodução)

A perspectiva otimista de crescimento para a Zona Franca de Manaus representa um avanço de 6% em relação aos R$ 204 bilhões registrados em 2024 (SUFRAMA/Reprodução)

Publicado em 15 de março de 2025 às 08h02.

Última atualização em 17 de março de 2025 às 12h19.

A Zona Franca de Manaus inicia 2025 com perspectivas otimistas de crescimento, de acordo com projeções do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) divulgadas em primeira mão à EXAME. A expectativa da entidade empresarial é de que o faturamento do polo industrial alcance R$ 216 bilhões neste ano, um avanço de 6% em relação à receita de 2024.

A expansão deve ser puxada principalmente pelo setor de duas rodas. Em motocicletas, por exemplo, houve um aumento de 11,1% na produção ao longo do ano ado, com aproximadamente 1,7 milhão de motos produzidas.

Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas (Abraciclo) a trajetória deve se manter ascendente com uma fabricação estimada em 1,8 milhão de unidades neste ano.

Também é esperada influência positiva das indústrias de eletroeletrônicos, ar-condicionado e plásticos.

Todos eles, afirma Lúcio Flávio Morais de Oliveira, presidente-executivo do Cieam, "devem apresentar crescimento perto de 15%".

Os dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) mostram que os televisores, celulares e placas e componentes eletrônicos somam 11,5%, 7,2% e 6,9% dos principais produtos fabricados na Zona Franca de Manaus, assim como os aparelhos eletrônicos, que são 6,1%.

Novos investimentos e expansão tecnológica

Ao todo, o polo industrial conta com aproximadamente 500 empresas concentradas na área delimitada pela legislação (Manaus e seus arredores) e é responsável por uma média de 112,5 mil empregos diretos.

Na região, também há uma aposta em novos projetos industriais e na diversificação das atividades das empresas instaladas ao longo de seus 58 anos de criação. No dia 20 de fevereiro, o Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam) aprovou 42 projetos industriais que somam R$ 1,56 bilhão em investimentos para o polo industrial.

Entre eles, 14 projetos são destinados à implantação de novas indústrias, enquanto os outros 28 visam novas atividades de empresas instaladas no polo manauara. Segundo o Codam, os projetos devem gerar 2,2 mil postos de emprego.

Além do fortalecimento dos setores tradicionais, empresas especializadas também estudam a instalação de fábricas de drones na região, o que pode representar um marco para a expansão tecnológica local, segundo a Cieam.

A Procter & Gamble (P&G) do Brasil lidera a lista de projetos de maior impacto em investimentos, com um aporte de R$ 290,8 milhões para a produção de escovas dentais, cartuchos de lâminas e aparelhos de barbear.

Já a Salcomp Indústria Eletrônica da Amazônia investirá R$ 132,5 milhões na fabricação de terminais de captura de dados e aeronaves remotamente pilotadas.

"O Polo Industrial de Manaus não compete apenas com o Sudeste do Brasil, mas com o mundo inteiro. Empresas globais analisam constantemente as vantagens competitivas da região, e estamos vendo um crescimento expressivo, tanto em diversificação produtiva quanto na atração de novos investimentos", diz o presidente da entidade empresarial.

Desafios da Zona Franca de Manaus

Apesar do cenário promissor, Oliveira reconhece que a Zona Franca de Manaus ainda enfrenta desafios como a crise hídrica, dificuldades logísticas e a volatilidade cambial, que podem impactar a indústria.

No ano ado, a seca na região pressionou os custos das operações e a Federação das Indústrias do estado do Amazonas (Fieam) estimou um gasto adicional de R$ 500 milhões apenas com transporte. Um relatório do Banco Mundial, publicado em 2023, também apontou que a redução dos custos de transporte aumentaria o PIB do Amazonas em 38%.

O presidente do Cieam avalia, contudo, que "as indústrias instaladas em Manaus já demonstraram resiliência diante de adversidades. Mesmo enfrentando desafios como a crise hídrica, conseguimos manter a produção e garantir entregas estratégicas. Estamos preparados para mitigar os impactos e fortalecer ainda mais a nossa competitividade", diz Oliveira.

Um fator positivo para a competitividade do polo, segundo a entidade, foi a aprovação da reforma tributária, que manteve os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus.

Uma das medidas mais significativas foi a inclusão de incentivos fiscais para o refino de petróleo no zona franca, com a finalidade exclusiva de abastecer a cidade, a sexta maior em contribuição fiscal para a União, segundo o IBGE.

Na ocasião da aprovação no Congresso, em dezembro, o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) emitiu comunicado dizendo que os benefícios "representam risco significativo para a arrecadação tributária, a competitividade do setor de refino nacional e a segurança energética do país" estimados em até R$ 3,5 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:IndústriaPolítica industrialZona Franca de Manaus

Mais de Economia

Brasil pode atrair investimentos com sinalização clara de compromisso fiscal, diz Galípolo

“Estamos colando na mesa um corte nas isenções fiscais”, diz presidente da Câmara

Revisão da vida toda do INSS: Moraes vota para liberar andamento de processos; entenda

R$ 10 bilhões para inovação: edital do BNDES busca projetos de energia limpa no Nordeste