O Goddard Institute for Space Studies, referência em ciência climática, terá suas operações presenciais encerradas pela gestão Trump, enquanto sua equipe fica sem espaço físico e futuro incerto
Repórter de ESG Publicado em 22 de maio de 2025 às 10h51.
Acima do Tom’s Restaurant, ponto turístico de Manhattan imortalizado na série Seinfeld, está o Goddard Institute for Space Studies (Giss), laboratório da Nasa que desde 1966 lidera pesquisas fundamentais sobre clima e espaço. Agora, suas operações presenciais serão encerradas após a decisão do governo Trump de não renovar o contrato de aluguel do prédio onde funciona o instituto.
Em entrevista ao The Guardian, Dr. James Hansen, ex-diretor do Giss e referência mundial em ciência do clima, classificou a medida como uma tentativa de “matar o mensageiro das más notícias”.
Hansen, que em 1988 alertou o Congresso americano sobre a crise climática e o aquecimento global , destacou a importância do instituto, que desenvolveu um dos primeiros modelos climáticos globais e atuou com autonomia, mesmo com orçamento limitado.
O Giss ocupa seis andares em um prédio da Universidade Columbia , na Upper West Side, em Nova York. Ali funcionou um dos primeiros computadores IBM do mundo, que consumia um andar inteiro, para rodar modelos climáticos pioneiros. Apesar da relevância científica, o governo atual decidiu cortar pela metade o orçamento de ciências da Terra da Nasa e fechar as operações presenciais do instituto.
O atual diretor do Giss, Gavin Schmidt, afirmou que a decisão é frustrante e que o contrato de aluguel, firmado entre Columbia e outra agência federal, não pode ser rescindido antecipadamente. Por isso, o governo pagará pelo prédio vazio enquanto a equipe, formada por 130 pesquisadores, será dispersada e trabalhará remotamente, até que a Nasa encontre um novo espaço para o grupo.
Eventos climáticos extremos custaram R$ 61 bilhões aos cofres públicos em 10 anosA transferência para Maryland, onde está o principal centro da Nasa, não é vista como alternativa viável para muitos integrantes da equipe. “Muitos têm suas vidas em Nova York e não querem se mudar”, disse Schmidt. Kate Marvel, cientista climática do Giss, resumiu o sentimento do grupo: “Este é um prédio cheio de pessoas apaixonadas por ciência e por entender nosso planeta. A mudança é disruptiva”.
O fechamento do Giss ocorre em um momento de cortes orçamentários e ataques à ciência do clima. Bastiaan van Diedenhoven, pesquisador que trabalhou no instituto por 13 anos, classificou a medida como “devastadora” e parte de um ataque da istração Trump à pesquisa científica.
Enquanto desmontam o laboratório e guardam livros e equipamentos, a equipe se despede entre confraternizações e emoções. Schmidt reconheceu que o instituto sempre superou limitações, e que o fim do espaço físico não significa o fim da missão. “Fizemos muito para um grupo que trabalhou acima de um restaurante em Nova York. Ainda não acabou.”