ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Mata Atlântica perdeu 200 mil campos de futebol de vegetação em uma década, diz estudo

Minas Gerais e Bahia representam Estados mais afetados, com 60% da perda total

Especialistas apontam a insuficiência das áreas protegidas para conter o avanço do desmatamento (Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação)

Especialistas apontam a insuficiência das áreas protegidas para conter o avanço do desmatamento (Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 17h06.

Tudo sobreMata Atlântica
Saiba mais

A Mata Atlântica segue encolhendo em ritmo alarmante. Entre 2010 e 2020, o bioma perdeu 186.289 hectares de floresta, o equivalente a quase 200 mil campos de futebol.

O levantamento, publicado nesta quinta-feira na revista científica Nature Sustainability, foi conduzido por pesquisadores da Fundação SOS Mata Atlântica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de São Paulo (USP).

O estudo identificou mais de 14 mil áreas desmatadas ao longo da década, muitas delas em pequenas propriedades privadas e com sinais evidentes de ilegalidade.

A destruição da Mata Atlântica foi observada em todos os 17 estados que abrigam o bioma, mas Minas Gerais e Bahia foram os mais afetados, concentrando 60% da perda total. Juntos, responderam pela metade da área de floresta madura desmatada no período. O Paraná (12%) e Santa Catarina (4%) aparecem na sequência.

As áreas desmatadas foram majoritariamente convertidas em pastagens, silvicultura e agricultura temporária. Na Bahia e em Minas Gerais, a pecuária e a silvicultura lideram a substituição da floresta, com 36% e 33% das terras convertidas, respectivamente. Já no Sul, o avanço das culturas temporárias (41%) e da vegetação secundária (29%) reflete uma outra dinâmica de uso da terra.

Devastação da Mata Atlântica

Os impactos dessa devastação são severos para o clima e a biodiversidade. A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, abriga milhares de espécies endêmicas e tem papel essencial na regulação do regime hídrico e climático. O desmatamento compromete a oferta de água, aumenta a vulnerabilidade a desastres naturais e reduz a resiliência ambiental em um momento de intensificação das mudanças climáticas.

Outro ponto crítico destacado pelos cientistas é a insuficiência das áreas protegidas para conter o avanço do desmatamento. A pesquisadora do Inpe e coautora do estudo, Silvana Amaral, ressalta que, apesar de menor volume, o desmatamento dentro de terras indígenas, quilombolas e outras áreas de proteção ainda ocorre em taxas preocupantes, colocando em risco comunidades tradicionais e a preservação de importantes corredores ecológicos.

Diante desse cenário, os especialistas reforçam a necessidade de intensificar a aplicação da Lei da Mata Atlântica e de ampliar esforços na restauração de ecossistemas degradados. Eles defendem a criação de novas áreas protegidas e a adoção de políticas públicas que conciliem conservação e desenvolvimento sustentável. Para que a floresta sobreviva, é essencial um compromisso maior do poder público e do setor privado na proteção desse bioma vital para o Brasil e para o mundo.

Acompanhe tudo sobre:Mata AtlânticaDesmatamentoMeio ambienteReflorestamento

Mais de ESG

Brasil pode desperdiçar até US$ 35 bi com nova exploração de petróleo e 85% pode não gerar lucro

Dentro do parque da cidade: o que descobri visitando o futuro palco da COP30, em Belém

Gestores de fundos investem duas vezes mais em combustíveis fósseis do que em energia limpa

ONU vive um dos momentos mais difíceis em décadas, alerta coordenadora no Brasil