Inteligência Artificial

No balanço da Nvidia, o mercado chinês se tornou um elefante na sala

CEO fala em prejuízo bilionário com restrições à China; data centers puxam 88% da receita

Jensen Huang: CEO da Nvidia (PATRICK T. FALLON/Getty Images)

Jensen Huang: CEO da Nvidia (PATRICK T. FALLON/Getty Images)

Publicado em 29 de maio de 2025 às 10h57.

Última atualização em 31 de maio de 2025 às 09h38.

A Nvidia reportou na quarta-feira, 28, uma receita de US$ 44,06 bilhões no primeiro trimestre, superando a expectativa de US$ 43,32 bilhões dos analistas. O crescimento foi impulsionado, principalmente, pela forte demanda em data centers, apesar do impacto das sanções comerciais dos Estados Unidos contra a China, que restringem a venda de chips voltados para inteligência artificial, como o modelo H20.

As ações da Nvidia subiram quase 5% após o fechamento do mercado, refletindo a confiança dos investidores na posição dominante da empresa como fornecedora de chips para IA. O CEO Jensen Huang, no entanto, afirmou que as restrições provocaram um prejuízo contábil de US$ 4,5 bilhões e devem resultar em até US$ 8 bilhões em perdas de receita no próximo trimestre.

Na conferência com investidores, Huang adotou um tom direto ao criticar as limitações impostas por Washington, classificando a China como um mercado estratégico de US$ 50 bilhões, responsável por cerca de metade dos pesquisadores da área. "Quem vencer na China está em posição para liderar globalmente", afirmou o executivo.

Mesmo com a ausência chinesa, a divisão de data centers respondeu por US$ 39,1 bilhões da receita, alta de 73% em relação ao ano anterior e 88% do total. Outras áreas, como games e automotiva, também apresentaram desempenho positivo. Huang explicou que parte da compensação veio da demanda pelo sistema Blackwell, voltado para modelos avançados de IA, mas ponderou que a falta da China limita a escala de inovação.

Diversificação, contorno às restrições e confiança em Trump

Como estratégia para manter a liderança global, a Nvidia aposta em dois movimentos: aumentar a presença em mercados como o europeu e desenvolver uma versão mais simples e ível de seus chips para o mercado chinês, respeitando as limitações legais.

Embora crítico à política de exportações dos EUA, Huang elogiou o ex-presidente Donald Trump, afirmando que "ele tem um plano, ele tem uma visão, e eu confio nele". A declaração ocorreu durante a coletiva e foi reforçada em entrevistas posteriores.

Além da China, a empresa celebrou acordos internacionais recentes, como o projeto de infraestrutura em IA com a Arábia Saudita, estimado em US$ 600 bilhões, e a chamada AI Diffusion Rule, regra da gestão Biden que restringe a exportação de chips avançados. Na recente viagem ao Oriente Médio, Huang integrou a delegação americana e foi elogiado publicamente por Trump, em contraste com o CEO da Apple, Tim Cook, criticado por suas decisões comerciais na Índia.

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