Marketing

TV Conectada alcança 64% da população digital e desafia marcas a repensarem suas estratégias

Estudo da Comscore revela crescimento da CTV no Brasil, mudanças no consumo de mídia e novas demandas para anunciantes em um cenário multitelas e híbrido

Audiência conectada: 78% dos brasileiros assistem à TV Conectada acompanhados, ampliando o alcance da publicidade exibida nas plataformas digitais (Divulgação)

Audiência conectada: 78% dos brasileiros assistem à TV Conectada acompanhados, ampliando o alcance da publicidade exibida nas plataformas digitais (Divulgação)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 10 de abril de 2025 às 06h00.

Tudo sobreestrategias-de-marketing
Saiba mais

A TV Conectada (CTV) atingiu 64% da população digital brasileira em 2024, segundo a terceira onda do estudo regional realizado pela Comscore em parceria com empresas como Pluto TV, NetflixAds, Roku, TelevisaUnivision, Samsung Ads, Showheroes, SBT, PuzzleAds e Mediastream. O crescimento representa um avanço expressivo frente aos 50% registrados nos dois anos anteriores e reforça o papel da CTV como plataforma de mídia relevante para anunciantes.

A sigla CTV vem do termo Connected TV, que se refere a televisores com o à internet — seja de forma integrada, como nas Smart TVs, ou por meio de dispositivos externos, como consoles de videogame, set-top boxes (Apple TV, Claro Box) e equipamentos de streaming (Chromecast, Roku, Fire TV, entre outros).

A pesquisa, realizada em outubro de 2024 com mais de 3 mil espectadores ativos no Brasil, mostra que a penetração da CTV no país supera a média da América Latina, que é de 59%. O estudo considera pessoas com 18 anos ou mais que consumiram conteúdo audiovisual nesse formato ao menos algumas vezes no último mês, independentemente do tipo de aparelho utilizado. A base total de usuários de internet no país corresponde a 131 milhões de visitantes únicos, segundo a Comscore.

Os dados apontam um padrão de consumo consolidado: os brasileiros assistem, em média, 4 horas de conteúdo por dia na CTV, concentradas especialmente no horário nobre, das 19h às 0h. Nesse intervalo, 71% consomem filmes e 65%, séries. O comportamento indica uma migração dos hábitos tradicionais de TV linear para o consumo sob demanda via plataformas digitais.

Mais da metade dos adultos que consomem CTV estão na faixa etária de 25 a 44 anos. Os conteúdos preferidos incluem filmes (93%), séries de TV (88%), notícias (65%) e esportes (63%). No caso dos esportes, 96% dos espectadores que consomem esse tipo de conteúdo acompanham partidas de futebol.

A preferência por conteúdos dublados aparece como tendência relevante. Entre os entrevistados, 58% disseram assistir a filmes e séries com dublagem em português, enquanto 47% preferem legendas em português e 23%, legendas no idioma original. Esse dado pode ser explorado por marcas interessadas em adaptar peças audiovisuais para maximizar a aderência local.

O estudo mostra ainda que o o à CTV ocorre, predominantemente, via Smart TVs. Do total de usuários brasileiros que consomem esse tipo de conteúdo, 61% utilizam o televisor inteligente. Em seguida aparecem dispositivos de streaming (13%), set-top boxes (9%) e consoles de videogame (8%). Cerca de 10% dos lares possuem os quatro tipos de equipamento, evidenciando uma experiência multitelas e multiplataformas.

Prática de coviewing se destaca no Brasil

Segundo a Comscore, 78% dos entrevistados afirmaram assistir à CTV acompanhados, o que amplia o alcance das campanhas publicitárias exibidas nesse ambiente. A tendência reforça o potencial de construção coletiva de memória publicitária e aumenta a taxa de visualização dos anúncios.

Do ponto de vista da publicidade, 58% dos entrevistados lembram dos anúncios exibidos antes do início do conteúdo, e 51% se recordam dos veiculados durante os programas. No entanto, 51% também afirmam que os anúncios inseridos no meio da exibição interrompem significativamente a experiência. Essa percepção indica a importância de pensar criativamente os formatos publicitários para evitar rejeição.

Preferência por formatos mais interativos e direcionados

Mais da metade dos espectadores (56%) dizem preferir anúncios personalizados com base em seus interesses. Outros 31% demonstram interesse por anúncios interativos, 21% pelos de shopping — com redirecionamento para lojas online — e 17% por experiências gamificadas.

As preferências também se refletem nos temas abordados pelos anúncios. Entre os entrevistados, 41% dizem preferir publicidade relacionada a seus interesses e hobbies; 36,4% desejam que os anúncios estejam conectados ao conteúdo assistido; 32,6% querem ver peças relacionadas a produtos que compraram ou pesquisaram online. Apenas 23,7% não se importam que o conteúdo do anúncio não tenha relação com o que está sendo visto.

A resposta aos anúncios é expressiva: 84% dos consumidores de CTV no Brasil relatam ter tomado alguma ação após a exposição a uma peça publicitária, como clicar em links, buscar mais informações ou efetuar uma compra. Para as marcas, essa taxa de engajamento mostra que a CTV pode ser um canal eficaz de conversão — não apenas de alcance.

Modelos de o ao conteúdo

O comportamento de consumo também se reflete nas preferências por modelos de o ao conteúdo. Os lares com CTV no Brasil assinam, em média, 8,2 serviços de streaming — sendo 4,6 pagos e 3,6 gratuitos. Metade dos entrevistados prefere ar conteúdos gratuitamente, mesmo com anúncios (modelos AVOD, FAST ou híbridos), enquanto a outra metade se diz disposta a pagar para evitar publicidade, o que exige segmentação mais precisa por parte das plataformas.

Entre os motivadores de , o o a filmes, antigos e novos, lidera com 75% das respostas, seguido por séries originais exclusivas, com 65%. Esses dados sugerem que, além da conveniência do modelo, a oferta de conteúdo exclusivo ainda é fator decisivo para a retenção de s e pode ser um diferencial competitivo nas estratégias de aquisição.

Consumo de vídeo em alta

O estudo também sinaliza que o consumo de vídeo não está às TVs. A maioria dos usuários de CTV também consome vídeos em smartphones (87%) e computadores (68%), com menor uso em tablets (29%), dispositivos de streaming (20%), set-top boxes (14%) e consoles de videogame (13%). A abordagem cross-device segue sendo fundamental para garantir cobertura e consistência de campanhas.

Desafios da CTV envolvem experiência, fragmentação e monetização

Para CMOs e profissionais de marketing, a TV Conectada deixou de ser um canal complementar e ou a integrar de forma definitiva o planejamento de mídia digital no Brasil. A combinação de alcance, segmentação e formatos interativos reforça seu papel nas estratégias de construção de marca e geração de resultados.

Mesmo com o avanço, a CTV ainda enfrenta entraves ligados à experiência do usuário, à fragmentação de dispositivos e à efetividade da publicidade. Mais da metade dos espectadores considera que os anúncios veiculados durante os conteúdos prejudicam a navegação, o que pressiona o mercado por formatos menos intrusivos e mais aderentes aos hábitos de consumo.

A multiplicidade de aparelhos — de Smart TVs a consoles de videogame — também representa um desafio técnico para a padronização e a mensuração de resultados. A coexistência de modelos pagos e gratuitos exige estratégias de monetização mais flexíveis, enquanto o consumo simultâneo em diferentes telas amplia a disputa pela atenção do público e demanda campanhas integradas.

“A TV Conectada continua ampliando sua presença e transformando a forma como os brasileiros am conteúdo audiovisual. O impacto para os anunciantes é claro, com altos índices de engajamento. Observamos uma mudança significativa no comportamento do consumidor, e é fundamental que as marcas acompanhem essa evolução para manter conexões relevantes”, diz Ingrid Veronesi, country manager da Comscore para o Brasil.

Acompanhe tudo sobre:estrategias-de-marketingTVsTV onlineTV digitalAgências de publicidadePublicitários

Mais de Marketing

Bob’s cutuca Méqui e BK em campanha romântica e dá Milk Shake em dobro para casais “rivais”

Jogo épico da final de Roland Garros pôde ser conferida em watch party promovida por Lacoste em SP

Starbucks oferece salário de até US$ 136 mil para criadores de conteúdo viajarem pelo mundo

Veja, marca de tênis, inaugura primeira loja na América Latina em São Paulo