Agência de Notícias
Publicado em 2 de junho de 2025 às 19h06.
Apoiadores do ex-presidente boliviano Evo Morales iniciaram um bloqueio de estradas no centro do país, interrompendo o tráfego para oeste e leste, para exigir a renúncia do presidente Luis Arce e a inscrição de seu líder como candidato presidencial para as eleições.
Camponeses, plantadores de coca e partidários de Morales também exigem que o governo ofereça soluções para a falta de dólares e combustível que persiste no país e que "garanta" a democracia.
"Dizemos ao governo nacional que o povo está farto, não pode viver sem comer. Peço ao povo que se levante contra esse governo, por isso pedimos que (Arce) renuncie e que entre alguém mais capaz", disse um líder da cidade de Tutimayo, em Cochabamba, segundo a imprensa local.
Os partidários de Morales iniciaram o primeiro bloqueio em Sipe Sipe, uma cidade localizada a uma hora de Cochabamba, que é a saída para o leste do país.
As pessoas se reuniram no meio da estrada principal, algumas com paus nas mãos, e bloquearam a agem de veículos com barreiras de terra e pedras, segundo constatou a Agência EFE.
Em ambos os lados da estrada, longas filas de ônibus e caminhões tiveram que parar devido ao fechamento da estrada principal, e os ageiros caminharam com suas malas para atravessar para o outro lado.
O ministro do Governo (Interior), Roberto Ríos, confirmou que há nove pontos de bloqueio na região de Cochabamba.
"A decisão dos líderes em relação aos mobilizados não é apenas bloquear as cidades, mas também não permitir a venda de produtos. O objetivo do bloqueio é apenas boicotar as eleições gerais e fazer com que a candidatura de uma pessoa inabilitada e sem partido seja submetida a todo o sistema jurídico", analisou Ríos.
O ministro comentou que o governo tomará todas as medidas para "garantir os direitos" da população boliviana.
Outras delegações de manifestantes estão em La Paz desde a semana ada e iniciaram outro dia de protestos pelo centro da cidade nesta segunda-feira.
Os protestos dos partidários de Morales, que estão entrando em sua segunda semana de mobilizações, buscam que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) ita o registro de sua candidatura presidencial com o Partido de Ação Nacional Boliviano (Pan-Bol), apesar de ele estar inabilitado.
O Pan-Bol perdeu seu status legal porque nas eleições nacionais de 2020 não alcançou 3% dos votos.
Morales insiste em participar das eleições para buscar seu quarto mandato, apesar do fato de que o Tribunal Constitucional Plurinacional estabeleceu recentemente que a reeleição na Bolívia é permitida "apenas uma vez continuamente", sem a possibilidade de um terceiro mandato.
Isso desqualificaria o ex-chefe de Estado, que já governou a Bolívia por três mandatos (2006-2009, 2010-2014 e 2015-2019).
Morales renunciou ao partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) após atritos com o presidente Luis Arce desde o final de 2021 sobre as decisões do governo, o controle do partido e a candidatura presidencial.