Elon Musk, dono da Tesla e SpaceX, ao lado de Donald Trump, presidente dos EUA, na Casa Branca
Repórter
Publicado em 5 de junho de 2025 às 18h16.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 19h22.
Donald Trump e Elon Musk selaram nesta quinta-feira, 5, o que pode ser considerado o "divórcio" entre eles, com uma troca de acusações nas redes sociais, logo após o bilionário — CEO e proprietário da Tesla — deixar oficialmente o governo dos Estados Unidos, no dia 28 de maio.
A disputa pública começou durante um evento na Casa Branca, que contou com o encontro do republicano com o chanceler alemão Friedrich Merz. Trump expressou frustração com Musk, em razão das críticas que o empresário fez ao projeto de lei orçamentária em tramitação no Congresso.
O plano, que deve ser sancionado no Senado até o dia 4 de julho, prevê estender cortes de impostos que vão expirar e criar novos benefícios fiscais, como isenção de taxas sobre gorjetas, horas extras e benefícios da Previdência.
Algumas medidas são promessas de campanha de Trump, como a segurança na fronteira e apoio a agricultores. Chamado pelo republicano de "grande e bonito", estimativas apontam que o projeto aumentará o déficit em US$ 2,7 trilhões até 2034.
Para compensar os gastos, o pacote prevê o corte de incentivos fiscais para energia verde, além de reduzir o Medicaid — programa de saúde social dos EUA — e o auxílio-alimentação.
Durante a reunião, o presidente afirmou que Musk já estava ciente da proposta do governo e indicou que a relação entre eles talvez não fosse mais a mesma de antes.
"Elon e eu tínhamos uma ótima relação. Não sei se continuaremos tendo. Fiquei surpreso", disse Trump a repórteres no Salão Oval, depois que seu ex-assessor Musk criticou o projeto de lei como uma "abominação". "Eu ajudei muito Elon. Ele já disse as coisas mais bonitas sobre mim, e não falou mal de mim pessoalmente, mas tenho certeza de que isso será o próximo [o]".
Pouco tempo depois, Musk respondeu por meio da rede social X, negando ter sido informado sobre o projeto e acusando Trump de ingratidão, dizendo: "Sem mim, Trump teria perdido a eleição".
Trump não demorou a reagir, utilizando sua plataforma Truth Social para fazer uma ameaça direta: "A maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso Orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk."
O ex-presidente também afirmou que havia "mandado Musk embora" do governo devido ao comportamento do bilionário, que estava "irritando" Trump. Além disso, mencionou ter retirado o “Mandato dos Carros Elétricos”, acusando Musk de ter ficado “louco” com a decisão.
"Elon estava "se esgotando", pedi para ele sair, retirei seu Mandato de VE que forçava todo mundo a comprar carros elétricos que ninguém mais queria (o que ele sabia há meses que eu faria!), e ele simplesmente ficou LOUCO!", escreveu Trump, na rede social Truth Social.
O “mandato” citado por Trump refere-se às políticas implementadas durante o governo Biden, voltadas para a eletrificação do setor automotivo e a descarbonização da indústria.
Musk, por sua vez, não demorou a reagir, associando Trump ao escândalo sexual envolvendo Jeffrey Epstein.
Depois de anunciar a saída oficial da Casa Branca, Elon Musk voltou a criticar o pacote de impostos e gastos do presidente Donald Trump e afirmou que o projeto é uma "abominação repugnante".
"Desculpe, mas não aguento mais isso. Esse projeto de lei de gastos do Congresso, enorme, escandaloso e eleitoreiro, é uma abominação repugnante. Os que votaram a favor deveriam sentir vergonha: sabem que fizeram errado. Eles sabem", escreveu o bilionário, na rede social X.
Nas semanas anteriores, os dois mantinham uma espécie de "guerra fria" por causa das discordâncias de Musk com a política tarifária de Trump, mas, publicamente, continuavam a trocar elogios. Em 30 de maio, por exemplo, Trump elogiou os "esforços" de Musk para reduzir os gastos federais durante uma entrevista na Casa Branca, no mesmo dia em que o CEO da Tesla anunciou sua saída do governo.
"Ele é um dos maiores líderes empresariais e inovadores que o mundo já produziu", disse o presidente. "Ele se apresentou para colocar seus grandes talentos a serviço da nossa nação, e nós apreciamos isso."
Musk, que chefiava o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), havia se comprometido a cortar substancialmente os gastos do governo. No entanto, seus esforços resultaram em uma economia de US$ 175 bilhões, muito abaixo da meta inicial de US$ 2 trilhões, com uma contabilidade pública que indicou menos da metade desse valor.
De acordo com informações da agência Reuters, o Tesouro dos EUA indica que o DOGE cortou cerca de US$ 19 bilhões, representando apenas 0,5% dos gastos federais.
Embora os esforços de Musk tenham gerado insatisfação entre membros da Casa Branca, ele continuou a manter uma imagem positiva diante de Trump. "Elon realmente não vai embora", disse o presidente, destacando que Musk permaneceria próximo ao governo, indo e voltando.
Musk, por sua vez, afirmou que dedicaria mais tempo a seus negócios, como Tesla e SpaceX, após alguns investidores expressarem preocupações sobre seu envolvimento no DOGE. Ele também mencionou a intenção de reduzir seus gastos políticos, após ter investido cerca de US$ 300 milhões no apoio à campanha presidencial de Trump e outros republicanos em 2024.
Apesar das tensões, Musk continuou a se mostrar otimista em relação ao futuro do DOGE, garantindo que o programa ainda teria "economias muito maiores" no futuro.