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Aos 27, ele vendeu empresa por R$ 12 milhões. Agora, mira R$ 1 bilhão com marketplace de dados

Depois de vender sua primeira startup para uma multinacional americana, ele criou um marketplace de dados pessoais que promete pagar os usuários pelo uso de suas informações

Rafael Aquino, fundador da DataPay: "“Vamos democratizar o uso inteligente de dados" (Leandro Fonseca /Exame)

Rafael Aquino, fundador da DataPay: "“Vamos democratizar o uso inteligente de dados" (Leandro Fonseca /Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de junho de 2025 às 09h32.

Última atualização em 7 de junho de 2025 às 09h43.

Gramado (RS) — Rafael Aquino não tinha investidor, nem escritório, nem time parrudo. Tinha só uma ideia e a vontade de colocá-la no mundo. Começou disputando batalhas de startup no interior do Rio Grande do Sul para promover um algoritmo capaz de ler expressão facial e entregar anúncios mais eficientes. Aos 27 anos, vendeu a empresa por R$ 12 milhões.

Dois anos depois, aposta em um novo projeto: um marketplace de dados que promete devolver ao consumidor o controle sobre seus próprios dados. A meta é transformar a ideia numa empresa de R$ 1 bilhão (e vendê-la).

“Começamos com R$ 200 no bolso e uma ideia que parecia maluca. Vendemos por R$ 12 milhões. Agora quero repetir o jogo, mas em escala maior”, diz Aquino.

Das batalhas de startups ao Shark Tank

A história começou em Caxias do Sul, na serra gaúcha. Criado até os seis anos num abrigo, Aquino se formou em ciência da computação e viu na tecnologia o caminho para empreender. Ao lado dos sócios Rafael Guizo e Tainá Marques, fundou a Hubble 360 com uma proposta de usar inteligência artificial para analisar micro expressões faciais em tempo real e otimizar campanhas de marketing digital com base na reação do público.

Sem recursos para bancar eventos de grande porte, o trio apostou nas batalhas locais de startups. A primeira vitória veio em uma competição em Caxias, que garantiu vaga na etapa estadual durante o Gramado Summit 2023. A Hubble saiu vencedora também ali, conquistando entrada para a final nacional do Startup Summit, em Florianópolis.

O destaque abriu portas. Aquino levou a startup ao palco do Shark Tank Brasil. Embora não tenham recebido aporte, conquistaram um cliente estratégico que serviu como vitrine.

“O segredo não é só a tecnologia, é a estratégia. E, principalmente, a rede de conexões que você constrói ao longo do caminho”, diz Aquino.

Com contratos ativos e faturamento mensal de cerca de R$ 250 mil em s da solução, a Hubble acabou sendo comprada por uma multinacional americana por R$ 12 milhões.

"A empresa que comprou a Hubble não quis escalar a operação comercial. Eles internalizaram a tecnologia dentro da estrutura deles como diferencial competitivo", explica Aquino.

Um novo unicórnio?

Após sair da operação da Hubble, Aquino fundou um novo negócio ambicioso. Ao lado dos sócios Patrícia Janczak e Rafael Wainberg, criou o DataPay, um marketplace de dados que promete devolver ao consumidor o poder sobre seus dados.

Na proposta, cada pessoa pode guardar seus dados em um cofre digital e decidir, com transparência, para quem vender. Em troca, recebe via Pix ou ganha moedas digitais que podem ser convertidas em descontos, experiências ou dinheiro. Tudo dentro das regras da LGPD.

O projeto já soma mais de 3.500 usuários e testes com cinco grandes marcas do Sul. A primeira parceria estratégica é com uma varejista de 180 lojas no Rio Grande do Sul. A DataPay também será usada em eventos, permitindo que patrocinadores mensurem em tempo real o impacto de suas ações promocionais.

A startup oferece às empresas não só dados, mas inteligência preditiva e segmentação estratégica, com apoio de inteligência artificial.

“Vamos democratizar o uso inteligente de dados para empresas de todos os portes — algo ainda fora do radar de muitos negócios regionais”, diz Aquino.

A estratégia de tração mistura marketing de influência, gamificação e benefícios personalizados para cada perfil de público. Para consumidores, a proposta pode significar renda extra no fim do mês ou vantagens exclusivas com marcas que já consomem. Para as empresas, significa dados qualificados com rastreabilidade e autorização clara do usuário.

A meta de Aquino é transformar o DataPay em uma solução usada por 150 milhões de brasileiros e vender o negócio por R$ 1 bilhão. Se repetir o feito da Hubble, o caminho já está bem traçado.

*A jornalista viajou a convite da Gramado Summit.

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