Analistas avaliam que a movimentação de de Zuckerberg é mais pragmática do que ideológica (BRENDAN SMIALOWSKI/Getty Images)
Redator
Publicado em 27 de maio de 2025 às 08h40.
Desde antes do início do segundo mandato de Donald Trump, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, tem atuado para recuperar a influência política perdida nos últimos anos, marcados por críticas públicas, ameaças de regulação e até de desmembramento da empresa.
Afastado da Casa Branca durante o governo Biden, Zuckerberg voltou a frequentar Washington e mantém contato direto com o atual mandatário. Ele participou pessoalmente de reuniões e encontros no Capitólio, fez viagens a Mar-a-Lago, residência do presidente na Flórida, e até comprou uma mansão de US$ 23 milhões próxima à casa do vice-presidente, JD Vance.
Essa mudança ocorre após o período de tensão entre a Meta e o governo Biden, que acusou a empresa, por exemplo, de contribuir para a disseminação de desinformação e a polarização política. Além de regulação, foram feitas ameaças de desmembramento da Meta, que seria obrigada a vender Instagram e WhatsApp. Nos quatro anos de mandato, o democrata nunca se reuniu com Zuckerberg.
A movimentação política de Zuckerberg é entendida mais como pragmática do que ideológica, focada em preservar o legado e os interesses comerciais da Meta. Mesmo assim, há incertezas quanto à aceitação dessa guinada tanto pelo público progressista quanto pela base conservadora, que mantém desconfiança em relação ao executivo.
Se após a primeira eleição de Trump, em 2016, Zuckerberg buscou um alinhamento mais neutro, desde 2024 o CEO tem adotado uma postura mais favorável à istração republicana, tanto externa quanto internamente. Exemplos disso foram a nomeação de Dana White, presidente do UFC e aliado de Trump, para o conselho da Meta e a reversão de políticas internas relacionadas à diversidade e moderação de conteúdo.
Apesar da aproximação, os resultados concretos são limitados. A istração Trump mantém ceticismo sobre medidas regulatórias como a Seção 230, considerada essencial para o negócio das plataformas digitais por não responsabilizá-las pelo conteúdo postado por terceiros.Assim como para outras empresas de tecnologia, a política de guerra comercial tem criado desafios para a Meta, especialmente no relacionamento com a China, de onde vem uma parcela significativa de sua receita.
Internamente, a mudança de direção tem gerado tensão na Meta, com demissões e alteração da cultura corporativa. Funcionários relatam insatisfação com as novas diretrizes, enquanto Zuckerberg tem adotado uma postura mais agressiva e direta, aproximando-se da “energia masculina” recentemente exaltada por ele.
Se, assim como a maioria das big techs do Vale do Silício e dos residentes da Califórnia em geral, Zuckerberg era tido como um progressista, portanto, muito mais democrata que republicano, os acenos e as movimentação mais recentes deixam claro que as coisas não são tão simples, seja para um lado ou para o outro.